segunda-feira, junho 04, 2012
Mães pedem ajuda à Câmara para salvar filhos dependentes de drogas
Desesperadas e sem amparo do Serviço Municipal de Saúde ou da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, algumas mães tem apelado aos vereadores de Itapagipe na tentativa de salvarem seus filhos dependentes de drogas, principalmente o crack.
A preocupação e a discussão sobre o tema na Câmara de Itapagipe não são novas. Em agosto de 2009, no seu primeiro ano de mandato, a vereadora Nágila Maluf (PSC), apresentou indicação (nº 075/2009) solicitando à Prefeitura que criasse um Programa Municipal Antidrogas, para dar suporte às famílias e tratamento aos viciados, além de fazer um trabalho de prevenção junto aos adolescentes.
Em abril de 2010 Nágila voltou a cobrar do Executivo uma ação de amparo ao número crescente de pessoas envolvidas com entorpecentes na cidade. Desta vez, pediu, através da indicação nº 019/2010, que o Município de Itapagipe celebrasse convênio com instituições especializadas no tratamento de usuários de drogas. O objetivo era oferecer tratamento gratuito aos itapagipenses de famílias carentes que quisessem se livrar da dependência.
Em nem uma das duas oportunidades as indicações da vereadora Nágila foram atendidas pela prefeita Benice Maia. De lá para cá a situação só se agravou.
Na última reunião da Câmara, dia 2 de maio, foi a vez da vereadora Nair Ferreira de Faria Araújo (PSDB), fazer o pedido. Através da indicação nº 008/2012, ela repetiu pedido de Nágila para que a Prefeitura celebrasse convênio com casas ou clínicas de recuperação de dependentes químicos de Uberaba e Frutal.
De acordo com a vereadora Nair, o que a levou a apresentar a indicação foi uma mãe que a procurou contando de seu filho que estava internado em Uberaba, mas que o tempo de internação lá é de apenas um mês, o que é insuficiente para um tratamento eficaz.
Debate
No final da reunião o tema das drogas foi o mais abordado pelos vereadores. Adriano Morais, por exemplo, ressaltou a quantidade e furtos que está acontecendo na cidade. O que, segundo ele, está associado ao uso de drogas. “A gente está vendo aí jovens, adolescentes e pessoas adultas viciados e até deixando de trabalhar para fazer o uso de drogas e o município não faz nada. Cadê o conselho municipal anti-drogas?”, cobrou ele.
Wilson Paula frisou que é mesmo preocupante o auto índice do uso de drogas em Itapagipe principalmente com a chegada do crack e informou que tem conversado com alguns profissionais de Saúde pedindo sugestões para a elaboração de um plano para ajudar esses dependentes e suas famílias. “Porque essas pessoas que usam drogas, a família sofre mais do que eles, às vezes”, comentou.
Por usa vez, Teotonio Sabino contou que “tem sofrido na pele” o problema. “Tem um sobrinho da minha esposa que esteve preso esses dias por envolvido com drogas e alguns furtos. Hoje ele saiu da cadeia e está em Uberaba fazendo tratamento. Espero que dê tudo certo”, testemunhou.
Sinvaldo Barbosa, o Toco, parabenizou a colega Nair pela indicação, mas ressalvou que, embora esteja sempre à disposição para ajudar as pessoas que o procuram, ele acredita que não adianta criar convênios, oferecer tratamento se a própria pessoa não quiser se tratar. “Se a pessoa que usa não quiser fazer da parte dele, ela mesma ter a vontade de se internar, não adianta levar na marra”.
Em resposta à argumentação de Toco, a vereadora Nágila, disse concordar que é preciso sim haver a vontade da pessoa em se tratar, porém ela ressaltou que em Itapagipe há muitos jovens que querem sair das drogas. “Mas eles precisam de ajuda. Sozinhos não conseguem. Precisa sim do apoio da Administração. Peço a Deus que toque o coração da nossa prefeita para que tome uma providencia porque o negocio esta difícil aqui na cidade. Eu estive até com algumas mães chorando, desesperadas de verem os seus filhos nestas condições e não terem o que fazer”.
Por fim, o presidente César Castro também contou que é frequentemente abordado por mães pedindo ajuda. Defendeu ainda que a principal arma contra as drogas é a prevenção, através da educação. Contou ainda que já foi abordado por um adolescente que lhe pediu abertamente “cinco reais para compra crack”. “A nossa cidade está uma vergonha, mas, infelizmente o governo não esta nem aí. Falta vontade política da nossa prefeita para ajudar este pessoal. Esta reclamação não é de hoje. Já faz uns dois anos que nós estamos falando sobre a questão da droga em Itapagipe, mas ela nunca quis fazer nada”.
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